Quando o mundo produz demais: o aço em desequilíbrio e o risco de uma nova onda de desindustrialização

Excedente global pode ultrapassar 700 milhões de toneladas até 2027, reacendendo a disputa por mercados e pressionando a base produtiva de países como o Brasil.

O mundo está produzindo mais aço do que consegue consumir, e isso nunca foi uma boa notícia para quem compete com gigantes subsidiados. Segundo o Fórum Global sobre Excesso de Capacidade Siderúrgica (GFSEC), em matéria divulgada pelo portal GMK Center, o excedente de capacidade mundial chegará a 721 milhões de toneladas até 2027, o maior desequilíbrio em uma década.

Para se ter ideia, apenas no primeiro semestre de 2025, o excesso de capacidade cresceu 5,6%, impulsionado por China, Irã e Egito. As exportações globais aumentaram 3%, e a penetração de importados avançou para 31% entre parceiros fora do fórum. Isso significa mais aço circulando a preços cada vez menores, além de uma concorrência cada vez mais predatória.

Para a Abimetal-Sicetel, essa não é apenas uma questão comercial: é um jogo geopolítico que redefine cadeias de valor e desloca empregos e investimentos. O Brasil, sem instrumentos ágeis de defesa e com alto custo de produção, tende a se tornar o “mercado de destino” do excesso global. Cada tonelada que entra com preço artificialmente baixo desestimula a produção local, comprime margens e retarda a modernização industrial.

De acordo com o fórum, é preciso mais transparência, monitoramento e diálogo entre países. Entretanto, o problema não reside apenas neste aspecto, a origem é estrutural. Enquanto o mundo discute, a China mantém ênfase em aços de maior valor agregado e segue exportando volumes recordes. A promessa de reduzir capacidade soa distante diante da escala do desafio.

Ponto de vista Abimetal-Sicetel sobre o tema


Perante este cenário, a Abimetal-Sicetel alerta que não basta reagir: é hora de o Brasil redefinir sua estratégia industrial. Isso inclui usar instrumentos de defesa comercial com eficiência, reduzir o Custo Brasil e incentivar a transformação de aço em produtos de maior valor agregado. Sem isso, o país arrisca se tornar apenas um consumidor do excesso produtivo alheio, e não um protagonista na nova geografia global do aço.

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