Produção do setor de trefilados cresce 1,4% no acumulado do ano, mas segue longe da recuperação, aponta Abimetal-Sicetel

Produção do setor de trefilados cresce 1,4% no acumulado do ano, mas segue longe da recuperação, aponta Abimetal-Sicetel

Com três anos de queda consecutivos, indústria segue pressionada por importações e excesso de capacidade global, especialmente da China

A produção da indústria brasileira de metais apresentou sinais de enfraquecimento em março, segundo a Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física, divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os segmentos ligados à indústria processadora de aço registraram retrações frente ao mês anterior: a metalurgia caiu 1% e os produtos de metal – exceto máquinas e equipamentos – recuaram 0,6%. Os dados são dessazonalizados.

Apesar de um desempenho positivo no acumulado do ano – com alta de 4,7% na metalurgia e 4,2% nos produtos de metal entre janeiro e março – os números não refletem a realidade da indústria processadora de aço, conforme avaliação da Abimetal-Sicetel.

“As classificações do IBGE ainda são muito amplas e acabam mascarando a situação dos processadores de aço”, explica André Cattaruzzi, economista da Abimetal-Sicetel. “A metalurgia inclui alguns produtos processados de aço como arames, mas também outros setores, como a siderurgia e atividades ligadas a outros metais, como cobre e alumínio. Já os produtos de metal constituem uma categoria muito ampla: estruturas metálicas, equipamentos bélicos, ferramentas e produtos trefilados, entre outros. Por isso, damos destaque à categoria dos trefilados, para melhor compreender o desempenho do setor processador de aço.”

A fabricação de produtos trefilados de metal, que inclui itens como telas, pregos, grampos, cabos e cordoalhas, apresentou crescimento de 5,2% em março na comparação com o mesmo mês de 2024. No entanto, o desempenho acumulado no ano é modesto: alta de apenas 1,4%.

“É um avanço tímido, que ainda se apoia sobre bases muito deprimidas. O setor vem de três anos consecutivos de forte retração: -6,9% em 2022, -5,3% em 2023 e -4,1% em 2024”, aponta Cattaruzzi. “Além disso, o crescimento recente da produção não sinaliza uma recuperação estrutural. Pelo contrário, o setor segue fortemente pressionado por importações, especialmente da China, que têm praticado preços artificialmente baixos, corroendo as margens das empresas nacionais.”

Segundo o economista, o excesso de capacidade produtiva chinesa tem sido desviado para mercados com menos barreiras comerciais, o que acentua a concorrência desleal e dificulta uma retomada consistente do setor nacional de trefilados.

“A perspectiva é de continuidade das dificuldades. Sem medidas mais robustas de defesa comercial, corremos o risco de comprometer ainda mais a produção local e os empregos da cadeia do aço processado”, conclui Cattaruzzi.

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