Após dois meses de alta, produção de trefilados de metal fica estável em junho. Entenda.
A produção de produtos trefilados de metal ficou estagnada em junho, em relação ao mês anterior, segundo dados elaborados pela Abimetal-Sicetel a partir da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado interrompe dois meses consecutivos de crescimento, de 0,5% em abril e 0,7% em maio.
Na comparação com junho de 2024, houve alta de 4,9%. Já no acumulado do primeiro semestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, a variação foi de 2,5%. No acumulado de 12 meses, o setor voltou a apresentar crescimento (1,1%), resultado que não era registrado desde abril de 2022.
“Essa recuperação no acumulado de 12 meses é importante porque interrompe uma sequência de retrações, mas ainda insuficiente para reverter as perdas históricas da indústria de trefilados”, avalia André Cattaruzzi, economista da Abimetal-Sicetel.
Setor ainda enfrenta desafios
A categoria de trefilados inclui cabos e cordoalhas de aço, telas metálicas, pregos, grampos para fixação e cercas. Apesar de sinais positivos em alguns indicadores, o cenário segue desafiador. O ano de 2024 marcou o terceiro ano consecutivo de forte contração da produção. Entre junho de 2022 e junho de 2024, por exemplo, a queda acumulada chegou a 12,9%.
“Mesmo com pequenas altas recentes, ainda falamos de um setor pressionado. O principal fator é a entrada massiva de produtos importados, especialmente de origem chinesa, que força os preços para baixo e compromete a rentabilidade das empresas brasileiras”, explica André.
Panorama dos demais setores
Os dados do IBGE mostram também que a fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos, categoria que inclui os trefilados, cresceu 0,7% em junho frente a maio, mas caiu 0,4% em relação a junho de 2024. No acumulado do ano, a variação foi de 1,9%, e de 5,2% nos últimos 12 meses.
Já a metalurgia, que engloba outros segmentos como arames, tiras, barras e perfis de aço, registrou crescimento de 1,4% em junho em relação ao mês anterior e de 4% sobre junho de 2024. No acumulado do ano, a alta chega a 4,7%, enquanto no acumulado de 12 meses o crescimento é de 5,4%.
Para o economista, o contraste entre os setores mostra a necessidade de medidas específicas de apoio à indústria de trefilados. “Enquanto outras áreas da metalurgia já apresentam um ritmo mais consistente de crescimento, os trefilados precisam agir. É preciso discutir políticas industriais e mecanismos de defesa comercial para equilibrar a concorrência e garantir condições mínimas de competitividade”, conclui.
