Indústria de aço processado opera sob pressão: concorrência externa avança e margens recuam

Indústria de aço processado opera sob pressão: concorrência externa avança e margens recuam

Relatório da Abimetal-Sicetel revela aumento expressivo das importações em 2025 e alerta para riscos à sustentabilidade das empresas brasileiras.

O mais recente relatório da Abimetal-Sicetel, com dados compilados até abril de 2025, aponta para um cenário de crescimento expressivo nas importações de produtos processados de aço, o que vem agravando os desafios enfrentados pelas empresas do setor. No acumulado do ano, o volume total importado das 96 NCMs acompanhadas cresceu 28,3% frente ao mesmo período de 2024. A China lidera com 62% de participação, sendo responsável por 182 mil toneladas, aumento de 33,6% em relação ao ano anterior.

Segundo o economista da associação André Cattaruzzi, esse avanço ocorre mesmo após a elevação da alíquota de importação para 25% para seis produtos, medida em vigor desde novembro de 2024: “Ainda que a medida tenha surtido efeito em itens pontuais, como arame galvanizado, para a maioria dos produtos o impacto foi limitado. O volume e o preço dos produtos importados continuam afetando fortemente a competitividade das empresas brasileiras, sobretudo as de médio porte.”

Entre os grupos mais impactados estão tiras e fitas (+87,8%), barras e perfis (+28,8%), cabos de aço (+33,1%) e arames de aço (+12,5%). Em muitos casos, os preços médios de importação estão até 30% abaixo dos praticados em 2024, o que tem pressionado as margens das indústrias nacionais.

“Trata-se de uma tempestade perfeita: preços em queda no mercado chinês, fretes marítimos mais baixos e câmbio favorável à importação. O resultado é uma sobreoferta de produtos processados a preços artificialmente baixos no mercado brasileiro”, explica André.

Apesar de algumas retrações observadas em abril, como no caso dos arames galvanizados e pregos, a tendência ainda é de crescimento no acumulado anual. “Nosso acompanhamento mostra que, mesmo com medidas defensivas pontuais, o setor segue vulnerável ao excesso de capacidade global, especialmente da China”, complementa o economista.

Outro ponto destacado é o impacto estrutural sobre as médias e pequenas empresas processadoras, muitas das quais atuam em nichos específicos e não têm flexibilidade para alterar seu portfólio ou absorver prejuízos por longos períodos. “O risco de desindustrialização e perda de empregos é real e imediato. E quanto menor a empresa, maior a vulnerabilidade”, alerta André.

A Abimetal-Sicetel reforça a importância da manutenção das alíquotas elevadas e defende ações adicionais, como a inclusão de novos produtos nas medidas de defesa comercial, maior fiscalização de origem e qualidade e incentivos à produção nacional.

CLIQUE AQUI E A ACESSE O RELATÓRIO NA ÍNTEGRA SOBRE O TEMA 

Compartilhe nosso conteúdo

plugins premium WordPress