Relatório da Abimetal-Sicetel aponta crescimento de 22,9% no volume importado de janeiro a agosto; participação da China já responde por quase 60% das compras externas.
As importações de produtos processados de aço seguem em trajetória ascendente e reforçam os desafios enfrentados pela indústria nacional. De acordo com o Relatório de Importações divulgado pela Abimetal-Sicetel, o volume importado entre janeiro e agosto de 2025 alcançou 569,9 mil toneladas, alta de 22,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Em valor, as compras externas somaram US$ 1,16 bilhão, aumento de 11,9% .
A China mantém posição dominante nesse mercado: o país respondeu por 59,7% do volume importado, com crescimento de 28,3% frente ao mesmo período de 2024. Apesar do avanço em volume, os preços médios recuaram, passando de US$ 2,23 para US$ 2,03/kg, o que reforça a pressão competitiva sobre as empresas brasileiras.
O relatório também mostra que, em agosto, houve queda de 16,1% nas importações em relação a julho, mas, na comparação com agosto de 2024, o resultado ainda foi 3,6% superior. As compras oriundas da China caíram em relação ao mês anterior, mas continuam representando mais da metade das importações totais.
Para o economista da Abimetal-Sicetel, André Cattaruzzi, os dados reforçam a situação enfrentada pelo setor: “O crescimento expressivo das importações, sobretudo da China, combinado com a queda nos preços médios, cria uma concorrência quase insustentável para a indústria nacional. A cada tonelada importada a preços aviltados, empresas brasileiras perdem espaço, investimentos e capacidade de manter empregos”, afirma.
Segundo Ricardo Martins, presidente da Abimetal-Sicetel, ainda que medidas como a elevação temporária de alíquotas para alguns produtos tenham ajudado a conter parte desse movimento, o impacto geral continua forte. O que isso quer dizer? “Que os números de 2025 mostram que apenas tarifas pontuais não são suficientes. Precisamos de uma política industrial mais ampla, que combine defesa comercial, estímulos à competitividade e mecanismos que assegurem condições justas de concorrência para o produtor brasileiro”, conclui.
Com a continuidade do avanço das importações e a crescente dependência de insumos vindos do exterior, a Abimetal-Sicetel alerta que o cenário deve permanecer desafiador para os próximos meses, exigindo atenção redobrada do setor e das autoridades.