Faturamento da indústria processadora de aço recua em outubro e reforça alerta para o setor

Indicadores industriais revelam desaceleração do setor e reforçam a necessidade de políticas para fortalecer a competitividade da indústria nacional.

O desempenho da indústria processadora de aço voltou a apresentar retração em outubro, aprofundando um cenário de desaceleração que já se estende ao longo de 2025. De acordo com os Indicadores Industriais da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o faturamento real dos produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos, caiu 7,3% em outubro de 2025 na comparação com o mesmo mês do ano passado, marcando o oitavo recuo consecutivo nessa base de comparação.

No acumulado do ano, a retração do faturamento já soma 2,8%, evidenciando as dificuldades enfrentadas pelas empresas da cadeia metalúrgica.

Para o economista da Abimetal-Sicetel, André Cattaruzzi, o resultado reflete um conjunto de fatores macroeconômicos e estruturais que continuam pressionando a indústria. “O setor processador de aço sente de forma muito direta os efeitos da desaceleração da atividade industrial, do crédito mais caro e da concorrência com produtos importados. Mesmo com algum nível de demanda, a rentabilidade segue comprometida”, avalia.

Capacidade instalada e emprego também recuam

A queda no faturamento teve impacto direto sobre a Utilização da Capacidade Instalada (UCI), que ficou em 74,3% em outubro, contra 81,1% no mesmo mês do ano anterior. O indicador revela um nível mais elevado de ociosidade nas plantas industriais, o que limita novos investimentos e amplia a cautela das empresas.

O mercado de trabalho também apresentou sinais de enfraquecimento. O emprego no setor caiu 2,1% na comparação anual, enquanto o rendimento médio real recuou 8,7% no mesmo período. Ainda assim, no acumulado de 2025, os salários mantêm uma alta de 0,8%, resultado que, segundo especialistas, tende a perder fôlego caso o cenário não apresente melhora nos próximos meses.

“Quando a capacidade instalada permanece baixa por um período prolongado, o impacto acaba chegando ao emprego e à renda. É um sinal de alerta para toda a cadeia industrial”, destaca Cattaruzzi.

Indústria de transformação também sente o impacto

O desempenho negativo não se restringe ao segmento de produtos de metal. A indústria de transformação como um todo registrou queda de 8,1% no faturamento em outubro, na comparação com o mesmo mês de 2024. No acumulado do ano, porém, ainda há crescimento de 1,2%, sustentado por alguns setores específicos, como o automotivo e máquinas e equipamentos.

A UCI da indústria de transformação ficou em 80,5%, levemente abaixo dos 81,3% registrados um ano antes, indicando um cenário de estabilidade frágil.

Desafios estruturais e necessidade de políticas industriais

Segundo o especialista, os dados reforçam a importância de uma agenda consistente de estímulo à indústria nacional. “A recuperação do setor passa por um ambiente macroeconômico mais favorável, com juros menores, previsibilidade regulatória e políticas que garantam condições isonômicas frente à concorrência internacional. Sem isso, a indústria continuará operando abaixo do seu potencial”, afirma.

Para a Abimetal-Sicetel, que representa a indústria processadora de aço no Brasil, os números evidenciam a urgência de medidas que fortaleçam a competitividade do setor, preservem empregos e assegurem a sustentabilidade da produção nacional em um ambiente global cada vez mais desafiador.

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