Brasil exporta mais sucata enquanto demanda interna recua: desafios e oportunidades para o setor

Com retração do consumo doméstico e pressão de importados, indústria nacional exporta mais resíduos metálicos enquanto busca soluções para a recuperação da demanda interna.

A indústria global do aço passa por um momento desafiador. A escassez de sucata ferrosa — matéria-prima essencial para processos de produção mais sustentáveis e circulares — tem impactado diretamente os custos, o planejamento produtivo e a competitividade das empresas em diversos países. 

No Brasil, o contexto é diferente. A forte entrada de aço importado no país nos últimos anos, quadro sem perspectiva de mudança, implica baixa demanda por sucata pelo setor siderúrgico. Sendo assim, o mercado externo é a alternativa para parte da sucata brasileira. Com retração no mercado interno, as exportações de sucata ferrosa cresceram 21,3% no primeiro semestre de 2025, alcançando 417.709 toneladas, segundo dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).

O que está acontecendo no mercado internacional?

A sucata ferrosa, derivada do reaproveitamento de materiais metálicos, tornou-se um ativo estratégico diante da busca por descarbonização na siderurgia mundial. À medida que países adotam metas de redução de emissões e promovem políticas ambientais mais rígidas, a demanda por insumos recicláveis aumentou significativamente — ao passo que a oferta não acompanhou esse crescimento, seja por limitações logísticas, seja por desequilíbrios regionais.

Além disso, grandes consumidores como Turquia, Índia e China vêm ampliando suas compras externas, pressionando ainda mais os preços internacionais e reduzindo a disponibilidade para mercados com menor poder de compra. Como reflexo, o Brasil — tradicional exportador de sucata — começa a sentir os efeitos da competição global por esse insumo.

Impactos para a indústria brasileira

No mercado interno, a volatilidade nos preços da sucata afeta diretamente o custo de produção de indústrias que dependem de aço reciclado ou de matérias-primas intermediárias. Pequenas e médias empresas do setor, com menor capacidade de negociação ou estocagem, enfrentam maior exposição a riscos operacionais e perda de margem. Contudo, a recente elevação nas exportações mostra que a sucata não é escassa no Brasil — o que há, de fato, é uma queda na demanda das usinas, em virtude da crise na cadeia do aço agravada por fatores como a tributação dos EUA e a concorrência de importados, especialmente da China.

Esse cenário desafia a logística nacional e escancara a necessidade de melhorar a coleta seletiva, o controle de sucatas e a rastreabilidade dos materiais recicláveis — temas que também envolvem regulação, fiscalização e segurança jurídica.

Oportunidades e caminhos para a competitividade

Apesar das adversidades, a situação atual abre portas para inovação, investimento em reaproveitamento interno e o fortalecimento de parcerias regionais na cadeia de suprimentos. Algumas ações estratégicas incluem:

  • Otimização do uso de sucata própria;
  • Diversificação de fontes de matéria-prima;
  • Monitoramento de tendências globais;
  • Investimento em tecnologias de separação, classificação e rastreabilidade de materiais recicláveis.

A sustentabilidade e a economia circular se tornam, assim, vetores também de resiliência econômica e vantagem competitiva.

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