Quem defende sua indústria, protege seu futuro. Por que o Brasil precisa agir como outras economias?

Quem defende sua indústria, protege seu futuro. Por que o Brasil precisa agir como outras economias?

Por Ricardo Martins, presidente da Abimetal-Sicetel 

Num mundo em transformação acelerada, defender a indústria nacional deixou de ser uma escolha estratégica para se tornar um imperativo de soberania. Em especial, a indústria processadora de aço, elo fundamental de cadeias produtivas que sustentam setores vitais como a construção civil, infraestrutura e agropecuária, vive hoje um ponto de inflexão. Ignorar sua relevância é comprometer empregos, arrecadação e inovação — é comprometer o futuro.

Enquanto economias como Estados Unidos, Índia, México e países da União Europeia endurecem barreiras comerciais para defender suas bases industriais, o Brasil caminha com atraso. A elevação pontual de tarifas de importação para alguns produtos, embora positiva, ainda não responde com a urgência e a escala necessárias à pressão desleal que enfrentamos. Produtos subsidiados, especialmente oriundos da China, entram no país com valores abaixo do justo, minando a sustentabilidade de milhares de pequenas e médias empresas brasileiras.

Esse cenário ocorre, paradoxalmente, enquanto temos capacidade ociosa, mão de obra qualificada e estrutura técnica disponível para atender à demanda interna. Não se trata de medo da concorrência, mas da exigência por isonomia: competir de forma justa, com regras claras e estáveis.

A Abimetal-Sicetel tem defendido de forma enfática a renovação e ampliação de medidas que assegurem competitividade à indústria nacional, com destaque para a alíquota de 25% de importação sobre produtos processados — condição que precisa ser mantida e ampliada para preservar a produção local e os 28 mil empregos diretos gerados pelo setor.

Além disso, o fortalecimento da indústria requer um ambiente macroeconômico que promova investimento, inovação e previsibilidade. Taxas de juros elevadas, instabilidade cambial e falta de incentivos fiscais tornam ainda mais desafiador o cenário para o industrial brasileiro.

Defender a indústria não é sinônimo de isolamento. Ao contrário, é garantir a presença do Brasil em cadeias globais de valor como um player robusto, competitivo e inovador. Como mostra a Confederação Nacional da Indústria, a cada R$ 1,00 produzido na indústria de transformação, R$ 2,43 são movimentados na economia. O setor industrial é, portanto, um multiplicador de riqueza — e precisa ser tratado como tal.

Nossa missão, enquanto representantes da indústria processadora de aço, é clara: construir um ambiente de desenvolvimento sustentável, combater práticas desleais e ampliar a presença do produto brasileiro no mercado interno e externo. Convidamos o setor produtivo, o poder público e a sociedade a refletirem: quem protege sua indústria, protege seu futuro. E é hora do Brasil fazer o mesmo que as grandes economias já fazem — antes que o custo da omissão se torne irreversível.

Compartilhe nosso conteúdo

plugins premium WordPress