Economista da Abimetal-Sicetel destaca que a forte entrada de produtos chineses e os altos juros continuam a pressionar o setor processador de aço no Brasil.
O setor processador de aço continua a enfrentar um cenário desafiador no Brasil. Dados da Produção Industrial Mensal – Produção Física, divulgados pelo IBGE, indicam que a produção de trefilados de metal recuou 3,6% em setembro de 2025 na comparação com o mesmo mês do ano passado. A queda é vista com preocupação, especialmente porque setembro deste ano teve um dia útil a mais (22 contra 21).
Apesar de um crescimento de 1,7% em relação a agosto (na série dessazonalizada), que interrompeu seis meses de estagnação, o desempenho no acumulado do ano é modesto, com crescimento de apenas 0,3%. Para André Cattaruzzi, economista da Abimetal-Sicetel, esse pequeno avanço não reflete uma recuperação robusta, dado que a base de comparação é extremamente baixa, em função das fortes quedas verificadas nos três anos anteriores.
Além disso, o indicador de produção não reflete totalmente a realidade do setor, pois os preços estão sendo pressionados de forma intensa pela forte entrada de produtos chineses. “A produção de metalurgia como um todo até cresceu 0,5% em setembro na comparação com agosto, mas a tendência é de cautela,” afirma Cattaruzzi.

Pressões macroeconômicas e o custo Brasil
O cenário se agrava ao considerar a categoria mais ampla de Produtos de Metal (que inclui trefilados, soldas e artigos de serralheria), que recuou 0,7% em setembro em relação a agosto e acumula queda de 1% no ano.
O setor processador de aço sofre com uma série de fatores que transcendem o ambiente fabril, conforme analisa o economista:
“Nossas empresas continuam a ser penalizadas por fatores ‘fora da fábrica’. Estamos falando do velho conhecido Custo Brasil, somado à desaceleração da economia, juros elevados e o ‘tarifaço’ do Governo dos EUA sobre produtos brasileiros. Além disso, há a desaceleração interna da China, que redireciona seus excedentes produtivos para outros países, como o Brasil,” explica.
O economista conclui que a recuperação da indústria exige uma abordagem que combine proteção e eficiência: “São urgentes medidas de defesa comercial e a diminuição dos entraves internos, como a guerra fiscal entre Estados. Precisamos garantir maior isonomia de competição com o produto estrangeiro, para que as empresas que investem e produzem no país possam recuperar a saúde financeira,” .



